Rivane Neuenschwander é uma artista que, desde os anos 1990, escolheu como material de sua produção elementos residuais do consumo, das trocas sociais, das lembranças. Os seus trabalhos envolvem mais de um sentido. Além do visível, Rivane faz uso de qualidades olfativas, e emprega também materiais comestíveis para compor uma atmosfera sinestésica emblemática. Em suas instalações, que vão do minucioso ao desenho ampliado de espaços inteiros, Neuenschwander traduz o caráter intercomunicante dos sistemas vivos. Acoplando a ação e a presença de corpos humanos e inumanos que participam da elaboração estética a substratos conceituais, a obra de Rivane inclui os grupos que levaram, direta ou indiretamente, à forma que os trabalhos adquirem. O outro é sempre pressuposto na estrutura e na execução dos trabalhos, e o cuidado com a forma implica sempre o cuidado com o público: seus modos de circular, habitar, atravessar.