A obra de Lucia Laguna se desenvolve entre a abstração e a figuração. Elementos reconhecíveis – folhagem, mobiliário, comida, animais – convivem com linhas e cores justapostas, em gestos calculados que compõem paisagens e interiores em planos fraturados. As formas que preenchem suas telas parecem incompletas, nascendo do acúmulo e do apagamento de camadas de tinta. Como as vistas suburbanas cariocas que a artista encontra da janela de seu ateliê em São Francisco Xavier, na zona norte do Rio de Janeiro, suas telas são permeadas por um impulso construtivo que faz amplo uso de ângulos e linhas retas, associadas por ela às linhas viárias da cidade. Suas formas espraiam-se em uma arquitetura fluente, entre interferências espontâneas e rasuras como terrenos baldios surgindo nos campos de cor.