Ao longo das últimas décadas, Mauro Restiffe vem compondo um arquivo de imagens, em sua maior parte em preto e branco, capturadas com a mesma câmera analógica. Embora declare não se interessar por temas específicos, o artista repetidas vezes fotografa cenas e espaços comuns, desmonumentalizados. São imagens da arquitetura, cenas urbanas, paisagens, momentos de intimidade. Mesmo quando fotografa temas épicos, como episódios políticos importantes, seu olhar se volta para o que parece às margens dos eventos. Nos snapshots que Restiffe faz de seus interlocutores nasce uma dimensão íntima e contemplativa de sua obra. A granulação típica do formato analógico – gesto de recusa ao caráter descartável das imagens digitais – dão às suas fotografias um ruído atmosférico que as situa entre a rememoração e a narrativa.