Desde a década de 1980, Leda Catunda constrói um léxico visual que transita entre a cultura de massas e o artesanato, se valendo tanto da pintura abstrata e da escultura quanto das operações de colagem e apropriação da pop art. Aproveitando a voracidade imagética do nosso tempo, a artista cria obras hápticas – estufadas, rendadas e costuradas sobre suportes domésticos, muitas vezes remetendo à seção “cama mesa e banho” dos comércios populares – tornando o suporte o conteúdo ele próprio. A sua insistência sobre o fazer manual não deixa de sugerir uma dimensão íntima, aludindo a uma atmosfera familiar e pessoal. Com os meios à mão e sem dissimular os vestígios da fatura, seu “mundo macio” insinua um questionamento da afirmação da identidade pelo consumo, retrabalhando o descarte têxtil e os mecanismos da cultura comercial.