Com seu complexo vocabulário conceitual, Jac Leirner emprega como método o colecionismo e a acumulação de objetos; espécies de mementos ou souvenirs que a artista recolhe ou extrai de seus contextos originais. Preferindo a coleção ao objeto unitário, o trabalho de Jac Leirner organiza bitucas de cigarro, utensílios e ferramentas, cédulas de dinheiro, réguas, cinzeiros de avião de acordo com um princípio serial ou modular. Não basta apenas reunir ou organizar os muitos objetos, mas compor com eles, finalmente, um arranjo plástico, em que as estratégias de Leirner assentam sobre uma forma escultural. Essas formas remetem sempre a sistemas ulteriores – arte-históricos, museológicos, industriais, de consumo – de modo que a organização estrutural associa-se sempre a conotações sociais de troca e circulação. Há uma sedução na obra de Leirner, em sua repetição; na lentidão de sua produção, que contrasta com a velocidade de descarte dos artigos efêmeros que ela recolhe, onde materiais levam décadas para serem acumulados.