O trabalho de Ernesto Neto envolve principalmente instalações e esculturas, e mantém um diálogo longevo com as interações espaciais promovidas pela arquitetura. O procedimento arquitetônico de Neto não ergue paredes ou bloqueios, mas erige membranas e peles, redes e invólucros. Há embutido nos seus espaços uma relação com a natureza, seja nas formas orgânicas que as estruturas assumem, seja no acolhimento que as instalações permitem. O público não é pressuposto como um grupo de observadores, mas incorporado desde o projeto às instalações. Os espaços de Ernesto Neto, que são percorridos, atravessados, habitados, também remetem aos penetráveis de Oiticica, precursores de seus ambientes plurisensoriais. De Oiticica, Neto aproveita também o olhar atento aos elementos da criatividade periférica, incorporando em seus trabalhos materiais e técnicas de construção vernaculares. As redes, material central na sua obra, permitem envolver, abarcar, pendurar, mas também são uma estrutura para deitar, uma ferramenta do descanso, da preguiça e da contemplação.